Pedir ou oferecer palavras
Acendê-las ou apagá-las
Atirar com elas para o chão
Perfumar a atmosfera
Com o seu cheiro. Esquecê-las
Sobre uma mesa, uma parede
Um pedaço de papel amachucado.
Ávidos, chupá-las, expirá-las,
Inspirá-las, sugá-las, expirá-las
Para o ar poluído da terra.
Podem fumá-las à vontade,
Não matam nem causam impotência.
Podem prender ou libertar,
Ferir ou curar. As palavras
Belas para uns, para outros feias
Ou apenas inúteis, as palavras
Não salvam os inocentes,
Não libertam dos carcereiros,
Nem acabam com os tiranos.
Tudo podem e nada conseguem,
Como um cigarro, acalmam.
Iluminam um instante, ficam
Como um fio de fumo cinzento
Na memória. E desvanecem-se.
A uns incomodam, fazem falta
A outros. Podem fumar à vontade
Neste poema. Não há ar puro
Na atmosfera onde se alimentam
As árvores de onde vieram
As fibras deste papel. Aqui,
Como numa velha tabuleta
Abandonada, está escrita
Uma velha e inútil indicação
É permitido fumar sozinho,
Aos pares ou em lúbricas orgias,
Homens com mulheres, mulheres
Com mulheres, homens com homens,
Ou outras possíveis combinações,
Livres e de comum acordo.
Às palavras não se colocam restrições,
É permitido beijá-las em publico,
Aqui nenhum amor é impudico,
Os amantes podem expressar
O amor sem se envergonhar.
Poema de André Benjamim, publicado na revista cultural Praça Velha, n.º 24, e retirado do blog do autor
4 comentários:
Olá!
Adorei o seu blog e o seu poeminha!
Beijos e tudo de bom pra vc!
Olá Camila,
Fico contente por saber que gostaste do meu blog. Apenas uma correcção: o poema não é meu, é do André Benjamim, e foi publicado na revista "Praça Velha", nº 24.
Beijinhos
Está muita louco!bj
Muito obrigado...
Beijinhos
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