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06 maio 2007

De certo


Vi a terra toda cavoucada
Em todos os seus sentidos perdidos.
Vi a semente aflita
Como um filho faminto em seu berço,
Boiando como peixe sem vida.
- Aditem-se contra os posseiros
Essas calamidade que me doem os olhos.
-Que nas suas investidas,
Nas veredas que dão adiante,
Adiantam-se sem saídas.
Alternam suas porteiras,
Empunham suas foices
Num dizimar sem limites.
Vão-se urubus,
Acabou tudo, a terra estica
A morte que prenunciada,
Hoje é notícia.
Mexeram na terra de Deus,
Mexeram com os calos seus.
Virá agora tudo de vez,
Melancias cairão do céu,
Suas rameiras cobrirão a visão
Do Paraíso.
Pra que chapéu,
Não tem mais sol,
Nem virão mais chuvas.
Tudo esvaziou-se como carcaça de boi morrido.
Como um distúrbio
Da mente, um pesadelo da gente,
Acabou-se terra natal.
Ninguém nasceu aqui,
Nestes buracos sem fundo,
E nestas intermináveis brechas,
Acaba-se por enterrar o mundo.
Retirado de Naeno

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