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19 maio 2007

Enquanto não me decido e de consciência tranquila

Dístico

Eu quero lá saber
se, um dia,
alguém
há-de achar bom,
ou mal,
isto que fiz
e há-de deitar,
ou luz,
ou lama,
sobre o meu nome
esquecido!…

Eu fui,
apenas,
voz que se ergueu
e que falou,
como sabia,
naquilo que entendeu
ser seu dever
dizer-se…

Falei sempre
em voz alta
e de maneira
que todos entendessem
quanto disse
- e quanto era impossível
que dissesse.

Eu nunca pedi nada
que pudesse
fazer grande,
ou pequeno
isto que sou.
Tive sempre
o orgulho de ser
pobre
- pobre sem ser mendigo,
nem farrapo;
pobre de pé,
pobre de mãos no bolso
- nos
meus
bolsos.
Hoje,
mais do que nunca,
nada
peço
- e nada aceito
que não seja meu!

E meu, só tenho
o orgulho de ser pobre
e estes papéis
inúteis
que aqui estão…

Alfredo Reguengo
19 Setembro de 1973
(Poemas da Resistências)

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